Hoje não vejo mais o movimento feminista como uma batalha de uma única causa. Na verdade, nunca foi.
Mas, a cada dia que atendo mais mulheres, ofertando a elas a liberdade de serem quem são e de fazerem suas escolhas, mais vejo a pluralidade de que somos capazes.
Somos simultâneas, dinâmicas, amplas e aglutinadoras. Por isso, hoje eu entendo o feminismo como um movimento que legitima as dores do mundo.
Ele não anda mais sozinho, não defende apenas os direitos das mulheres de escolha, mas também dos negros, dos LGBTQI+, das minorias, injustiças e desigualdades.
A mulher, que foi por tanto tempo silenciada, traz para sua batalha a consciência e um soft skill muito feminino: a soma e o coletivo.
Somos hoje mulheres exercendo a plena consciência do nosso papel no ecossistema.
Abraçamos causas e as levamos conosco, dando movimento à mudança, compartilhando a voz que conquistamos.
Não posso estar legitimada num lugar que existe racismo ou que uma pessoa trans não possa ocupar.
Queremos mais, queremos a totalidade do mundo representada em todos os espaços.
Quem mais legÃtimo para gestar uma mudança do que alguém que vem ao mundo com um corpo apto para reproduzir nossa espécie?
Queremos gestar, gerar um lugar onde a representatividade seja considerada, como na maternidade que traz a compreensão de que cada filho tem sua luz e sua sombra, e que todos tem seu direito a construir caminhos e que serão abençoados pela figura de sua mãe dizendo:
– Benção, mãe!
– Deus te abençoe, meu filho! Pode ir explorar o mundo e, se não encontrar o que espera, não esqueça que sempre terá sua mãe.
Assim, vejo o momento do feminismo no mundo, talvez do feminismo com que eu me conecto, abraçando e nutrindo a vida, usando um lado menos combativo e mais aglutinador para somar forças na mudança maior do conceito de inclusão e diversidade real.